10 maio 2011

No tempo em que a rua era de terra

Dia desses, voltando do trabalho, na via sacra cotidiana, acabei saltando do ônibus um ponto antes do esperado. Eis que voltei 20 anos no tempo, quando entrei na rua em que minha avó morava.

Andando por ali, pude visualizar a casa da Tia Gorda, com um belo (e feroz) pastor alemão que corria pelo quintal, a casa da vó, com a árvore na calçada, reduto de filhos, filhas, netas e netos e todo o tipo de agregados que se pode imaginar e a casa da Dani, amiga desde q estávamos na barriga de nossas mães.

Naquele tempo, a rua ainda era de terra, os meninos (e meninas) jogam bola de pé no chão, empinavam pipa e jogavam peão. Hoje, abriga uma enorme empresa que povoa o lugar com um sem fim de caminhões.

Naquele tempo, os parentes moravam perto, como numa grande comunidade, dividindo as dificuldades e os prazeres da periferia de São Paulo. Hoje, o corrégo foi canalizado, prédios não param de surgir.

A tia Gorda e o pastor não estão mais lá.

A vó já não mora mais neste mundo. Os netos cresceram, tiveram filhos e fundaram uma nova comuna.

A Dani mudou. Alçou altos vôos.

A árvore, aquela, pequena, mirrada, tornou-se testemunha dessa imensa transformação.

Um comentário:

Blog do Guaru disse...

Gostei. Me lembrou o seriado: O túnel do tempo.